EXPERIÊNCIA

“Não se preocupe comigo. Eu nem estou aqui.”

Muitos registros antigos do Hwa não são claros. Seus pais biológicos continuam desconhecidos. O que se sabe é que ele sofreu a perda do irmão mais velho e do pai na tentativa de chegar à Coreia do Sul. Relatórios escolares nos informam até sua adolescência, quando foi adotado pela família Hwa. Relatórios iniciais apontam sinais de um trauma prematuro – recluso, dificuldade na leitura –, porém, suas notas posteriores mostraram muito foco e um grande avanço.

Hwa se interessou por eletrônicos e engenharia elétrica. A fim de usar seus talentos e mostrar orgulho por seu país, ele decidiu se juntar à Marinha da Coreia do Sul. Posteriormente, ganhou uma vaga nos Fuzileiros Navais, com destaque para sistemas de radares e tecnologia em furtividade. Escolhido a dedo pelo respeitado 707º Batalhão de Missões Especiais por suas missões bélicas não convencionais, ele provou ser rápido e letal. Hwa serviu junto com a especialista Grace “Dokkaebi” Nam até seu recrutamento na Rainbow.

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

O Especialista Chul Kyung “Vigil” Hwa teve uma infância tumultuada. Para ele, a maior parte foi perdida e o que ele lembra é precioso. Eu garanti para ele que a minha função não é vasculhar o seu passado ou revirar acontecimentos que o deixariam desconfortável, embora, claro, eu esteja disponível sempre que ele ou qualquer outro agente precisar de mim. Expliquei que o meu papel é formar uma equipe coesa – cada um tem sua contribuição; e a minha é juntar todas as outras. [...]

A preservação do anonimato está em tudo que o Hwa faz. Ele se sente desconfortável com a minhas gravações das nossas conversas e que uma vez uma notificação no meu celular revelou o horário da nossa reunião. Ele fica igualmente ansioso em situações sociais. É difícil dizer se ele tem um forte autoconceito ou a total falta de um. Hwa aparenta estar sempre fechado aos outros. O que significa que fica preso sozinho com seus pensamentos. [...]

Eu quis que ele tivesse uma imagem clara de quem ele era, naquele momento, no meu escritório. Que ele se visse não apenas como um agente de elite ou uma criança que perdeu a sua família. Então suponho que ele não entendeu as minhas intenções quando perguntei se ele gostava dos desenhos de sábado de manhã.

Variamos ao longo de uma série de gostos e desgostos casuais, de contemplação silenciosa à associação livre. Ele estava desconfortável, mas me animou. Conforme ele relaxou, algumas das próprias respostas dele o pegaram de guarda baixa. Desde a discussão sobre cereais matinais até a constatação de que ele não sabe andar de bicicleta, ele foi capaz de relatar lembranças para mim. Ele descreveu como o cheiro de sopa quente despertou uma imagem vívida: uma mulher, que ele presumiu ser sua mãe, sorrindo e entregando uma tigela para ele. Seu semblante ficou mais brando e, por um momento, ele esteve em casa. [...]

Eu tenho encorajado Hwa a reproduzir esses exercícios de associação ao longo dos seus dias. Sei que vários membros da Rainbow foram falar com ele e embora haja indícios de que ele os respeita, ainda existem barreiras que ele pode não estar pronto para derrubar...

-- Dr. Harishva “Harry” Pandey, Diretor da Rainbow